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Mas a gente, ali, scientificamente, sabe que existe riscos biológicos ali, ainda mais dependendo da patologia, como algumas doenças, hepatite, tuberculose, meningite. Então, são doenças que oferecem risco para quem está presente ali naquele momento.

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Mesmo a pessoa, por exemplo, que estava com tuberculose estando morta, ela ainda pode transmitir?

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São microorganismos bem resistentes.

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Resistentes.

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São bem resistentes.

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Poxa vida, não sabia dizer isso daí, não. Para mim, eu achava, o cara morreu, morreu tudo nele lá.

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Tudo morre, não. A gente tem muitas bactérias resistentes que resistem durante dias, semanas. Tem literaturas que falam que é em meses, então a gente tem que ter muito cuidado.

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E na Covid, como é que foi?

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Nossa, mano, tem uma bagunha aqui, mano. Sério, você vai perguntar? Eu tenho uma bagunha na cabeça, mano. Sério mesmo?

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Juro por Deus. É transmissão de pensamento ou transmimento de sensação.

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Juro por Deus. Está bem conectado hoje.

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E na Covid, como é que foi o seu trabalho? Como é que foi desenvolvido na Covid, nos cadáveres que foram diagnosticados com Covid.

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A Covid foi caos.

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Caos, caos total.

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Os laboratórios de ternapraxia quase fecharam, praticamente, porque o corpo da pessoa que fallecia por Covid não ia para o procedimento. Então, a gente retirava do hospital e ia direto para o sepultamento. Lá em São Paulo, aqui em São Paulo, a gente guardava, faziam pernoite das urnas lacradas, elas vinham todas lacradas e ainda vinha envelopada por conta do risco dos gases, ali eles estavam sem procedimento Alguns tinham horas e horas de óbito, então já estavam com gases, eliminando gases, eles ficavam em uma sala e a gente ouvia quando os gases estavam sendo eliminados, porque são eliminados pelos orifícios, pela boca, pelo nariz, todos os orifícios vão eliminar os gases.

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Isso eu ia zoar, mas eu não vou zoar, não.

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Não, você é louco.

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Mas é, eu até sei que você... É relacionado aos vivos.

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Eu ia falar que tem muito vivo que elimina muitos gases.

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É, e tem pessoas que confundem. Tem. As pessoas que confundem os gases da gente quando está vivo, mas a gente tem todo o trabalho do nosso organismo, principalmente os movimentos do nosso intestino, para a gente eliminar.

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Mas esses gases, quando a pessoa está morta, sai com algum cheiro diferente ou é cheiro de peido mesmo?

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Não, é cheiro bem forte, é uma dor muito desagradável.

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Não é peido, é uma coisa meio podre.

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Está presente ali, gás sulfídrico, que é gás inflamável, inocivo à nossa saúde. Eu não sei se vocês são da época onde a vó da gente falava que se se o cadáver arrotasse, eu sempre falo sobre isso nos podcasts que eu vou, porque as pessoas trouxeram isso para vida, mas ele arrota. Se o cadáver arrotar perto de você, você morre. Então por que os antigos falavam isso? Por conta dos gases, que são contaminantes. Então você está ali respirando aqueles gases, inalando aqueles gases, e esses microrganismos estão presentes ali, pode alojar no seu pulmão, pode alojar em várias partes do seu corpo. Então, a gente tem que ter cuidado por conta disso. E tem odor muito, muito, muito Eu não posso ficar vendo esses comentários, cara. O que comentário aí, gente?

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O Jean Carlos Landrave falou: Angus Day tem empilhadeira para carregar pessoa igual o Danilo?. Ai, Jesus. A pergunta é quem me der.

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Você carrega pessoas em empilhadeira, Danilo?

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Não, os difuntos pesados.

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Não, gente, que pecado. Posso eu carregar alguém? Não, a gente não tem. Alguns laboratórios têm uma espécie de guincho. Ah, é? É é é grudadinhos ali no teto que fazem essa... Fica tranquilo, então. Que fazem essa... Não, mas a gente... Não, ainda está numa... Não tem não, a gente tem empiladeira, não precisa não, a gente tem força bruta ali para colocar na mesa direitinho.

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Às vezes eu vou rir, eu fico lendo aqui, às vezes eu morri, mas é que os... Não, não relaxa. Tem uns caras que fazem uns comentário aqui, que pelo amor de Deus...

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É o trabalho de vocês, eu sei que não tem, não tem deboche com a profissão aqui, não relaxa.

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O Sidney Maza falou: O corpo em putrefação, fica verde?

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Putrefação. Sidney, que lindo, você deve me seguir. Putrefação, Sidney, é a palavra. Nós não temos podrão. A gente não recebe- Não é podrão?

[00:04:08]

Fala.

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Não, Danilo. Não, de forma nenhuma.

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Podrão, a gente só fala assim no jargão militar, que a gente fala: Encontrou conto de cadáver, como é que está? Podrão. A gente é, mas é uma- Imagina a gente chegar...

[00:04:22]

Isso.

[00:04:23]

Mas a gente fala o estado de putrefação.

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Exatamente. Imagina você chegar para uma família e falar assim: Olha, Está uma família acompanhando procedimento ou está ali na sala de espera de laboratório e alguém grita: Tem podrão aqui, pô, espera aí, é meu filho, é meu pai, é meu irmão. Não é assim que a gente vai se dirigir a uma pessoa, é uma pessoa com história, tem uma história. Aí você me perguntou se fica esverdeado. Eles ficam esverdeados. Tivemos essa madrugada uma moça em estado de putrefação. Ela estava se divertindo, se sentiu mal, deitou e com mais ou 14 horas de óbito, o corpo dela aparentava dois, três dias. A proliferação de bactérias nesse calor é muito maior. Rio de Janeiro, por exemplo, tem corpos que vão para o IML, e com 12 horas, a pessoa está totalmente esverdeada, que a gente fala, enegrecida por conta da putrefação. E tudo começa, o engraçado de tudo, você vê como é a anatomia, como é... Deus é perfeito, tudo que ele faz, a gente morre, o corpo caminha para autodestruição, para esqueletização. Começa com uma manchinha verde abdominal. E essa manchinha, se o tempo vai passando, aquela pessoa, faleceu ali, está ali no chão. Então, faleceu, vai criar gases, a proliferação de bactérias, vai aparecer uma mancha verde, ela fica mais ou menos na altura da fossa ilíaca direita, na altura do intestino, e essa mancha vai crescendo.

[00:05:49]

E ela vai tomando todo o corpo, ela vai enegrecendo. E aparecem bolhas. Já fez alguma remoção assim, já viu? Alguns corpos que você põe a mão e a pele vai saindo, as bolhas vão vão estourando.

[00:06:01]

Já porque a gente quando encontrava corpo em estado de putrefação, a gente tinha obrigatoriamente de verificar se ele tinha documentação. Sim. Nós pegamos dia senhor, que ele falleceu dentro de uma casa lá, os vizinhos sentiram o odor forte, e aí chamaram, nós tivemos que arrumar a porta, com autorização dali dos vizinhos, porque não tinha ninguém na casa, o senhor morava sozinho, arrumamos a porta, chegamos lá e estava em estado de putrefação. Quando entramos, uma quantidade enorme de moscas, muita mosca...

[00:06:31]

A fauna cadavérica logo atrai, o Odor atrai, atrai baratas, elas vêm voando, vêm da rua, vêm de todos os lugares.

[00:06:38]

Não, tinha muito inseto da casa. Aí nós entramos e a gente, como eu já tinha uma certa experiência, que a gente fazia. A gente já levava álcool ali na bolsa, jogava o álcool na bombeta ou na boina, colocava o nariz e entrava, porque o cheiro era insuportável.

[00:06:52]

Você já notou que entranha? Fica depois na roupa. Não, entranha, entranha. Os alunos pegaram esse corpo ontem, eles falaram: Josi, está na roupa, é só micro-organismos que estão ali. Existe a presença de gás. Alguns laboratórios não fazem o procedimento e outros recebem esses corpos e fazem o procedimento. O procedimento que a gente fez essa madrugada dessa moça, os alunos comentaram comigo: Josi, como é satisfatório a gente saber que a família pode se despedir. É claro que não ficou em urna aberta, nós usamos uma quantidade muito grande de fluído, mas pelo menos com a urna lacrada, a fotinho dela em cima da urna e a família pode se despedir, porque se não fosse isso, não dá.

[00:07:28]

Essa aí é aquela que você falou ali? Sim, Você falou o que aconteceu com ela?

[00:07:33]

O que chegou para a gente foi que ela misturou. Isso é bom passar. Ela bebeu...

[00:07:38]

Para botar no corte, é para a galera entender.

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Parece que ela tomou o whisky com o energético.

[00:07:43]

Essa O que é de onde, morta, não é? Isso, isso. Então vamos lá. Galera, você entendeu como que a mulher morreu? E ela vai explicar, porque ela falou ali... E eu bebo, bebo o whisky com o energético. A gente tem visto...

[00:07:55]

A gente perdeu agora também lá, conhecido novinho também por conta disso. Infelizmente, infartou. Então, whisky com energético, estava se divertindo, estava tudo bem. Parece que já tinha uma patologia relacionada ao coração. Parece que era cardíaca. Eu bebo há 10 anos. E aí se sente mal e deita e falou: Vou dormir, não estou me sentindo bem. E aí veio o.