Joga, maldito, joga. Você vai jogar sangue, eu vou jogar fogo em você, seu maldito. É que uma faquinha, eu vou jogar sangue em vocês. Seu soro positivo. Eita, porra.

Meu, o cara fala que-Mais pior que tem gente que faz isso aí mesmo.

Faz, cara, faz.

Tem monte charope aí, cara. Fica com a gulinha ali.

Eu vi na reportagem, uns 10 dias atrás... Fugirinho, não é, meu?

Vocês falaram que eu tenho vontade de mijar.

Eu também estou doido para mijar, mano. Dez dias atrás, aconteceu uma cidade no interior, estava tendo aqueles bloquinhos de carnaval e mano, umas 15 As pessoas deram entrada no hospital, que a pessoa chegou e picou e ninguém viu quem foi, mano.

Imagina, você pega Hiv... Tem uns cabeças de merda aí.

Um HIV, uma porra dessa para o resto da vida, mano. Conta sobre o dia que o Paulo bateu a moto e você continuou indo embora.

Mano, os caras estão desvirtuando as ideias, que é assunto policial.

Não, não, é da vida, relaxa.

E essa eu vou contar depois. O pessoal, acho que pediram uma sobrenatural? Sim. Eu, particularmente, não acredito em nada sobrenatural. Eu sou meio o Santomel, eu só acredito no que eu vejo. Entendeu? E eu não tenho visto nada sobrenatural. Porém, eu participei de uma ocorrência, cara, me deixou pensativo pelo menos 15 dias, bicho.

Dá uma água para mim.

Eu não vou me recordar quem que era o meu parceiro nesse dia, cara, que já faz bastante tempo, mas a ocorrência está sempre bem nítida na memória, pelo como aconteceu, pelo que foi. O Copom pagou para a gente- Que é essa porta aí?

Deixa a cortina aberta ali, abre.

E tudo acontece na zero hora. Zero hora, acontece tudo, cara. Mano, zero hora...

Não, isso, agora passa a cortina.

O pessoal que não sabe zero hora é quem trabalha à noite.

Quem trabalha à noite, das 18h00 às 6h00 da manhã. E aí o Copom pagou, Charlie 4 de casal.

Desinteligência. Desinteligência. Desinteligência. Desinteligência.

Não, não, não, não, não, Lá em Mauá, cara, tudo é morro lá, tudo é morro. Não existe plano em Mauá, não existe área plana, é tudo barranco. Então, para você conseguir construir uma casa no nível da rua, você tem que fazer três pavimentos antes para você conseguir fazer a sua casa no nível da rua. É foda, Joe. É foda. E aí o Copom pagou, o solicitante falou que a briga de casal está acontecendo na última casa lá embaixo. Pode abrir o portão, tipo, curtiço, mora várias famílias. Pode abrir o portão e descer.

E descer.

E descer. Essa ocorrência, eu lembro de cara que estava lá, estava aqui, inclusive, junto com o Franco, o Sargento Bertocini, o advogado.

O advogado, o advogado do Franco.

Ele estava lá e ele participou, e ele vai lembrar, e ele vai saber. Nós chegamos na ocorrência, pensa na visão do inferno, a desgraça propriamente dita. Eu fiquei assombrado os 15 dias da sua ocorrência, não, de verdade. Nós descemos uma escadaria infinita, infinita escadaria. E lá embaixo, na hora que a gente chegou, a porta da casa, a última casa lá embaixo, a porta aberta, nós fomos ali, que a P, Fatean, o terceiro olho ali, não sabe o que está lá vindo lá de dentro, o que vai sair de lá. Aí começamos a olhar no chão da casa, sangue, sangue. Que sangue a casa toda. Aí você vai entrando, você vai entrando, já começa o coração dar aquela acelerada. Porque nós é polícia, nós anda armado, colete, tudo, mas quem tem, tem medo. Exatamente, quem tem, tem medo. Não tem jeito, mano. Aí você está vendo ali, já começa o coração dar uma acelerada sangue na casa toda, cara. O chão... Imagina quando alguém pega uma lata de tinta e começa a espalhar com a mão o tinta assim no chão, desse jeito, cara. E aquele cheiro de sangue, sangue tem cheiro, meio de ferro, aquele cheiro de sangue.

Aí você vai entrando nas paredes, marca de sangue com mão na parede. Toda parede era cozinha, o cômodo era cozinha. Cheio de sangue nas paredes. E aí agora, entra ou não entra? Pisa nesse sangue ou não pisa? O que tem aí dentro, velho? E o parceiro atrás aqui, que é a P também. Eu falei: Mano, vamos me entrar, a gente tem que resolver, tem que ver o que está acontecendo. Exatamente. Mano, na hora que eu fui para o pé, eu vi a mão assim sair da porta, uma abertura de outro cômodo, a porta, uma abertura de outro cômodo, a mão vindo assim, cheia de sangue, e uma senhorinha de uns 60 anos, mais ou menos. Essa senhora, essa velha, ela estava com mais de 20 facadas no corpo.

Caraca, mano.

Todo o corpo dela é esfaqueado. Andou andando na casa e conversando.

Da porra.

Ela olhava para nós assim e ela falava... Não era a voz dela que ela estava falando, cara. Certeza que não era a voz dela. Olha, eu cheguei a arrepiar o bagulho, de verdade. E eu falava: Señora, tudo bem? Conversando com ela e ela falava: estou tudo bem, está tudo bem. Esfregando a mão nas paredes, assim, toda ensanguentada, só com sutiã e cheio, mais de 20 facadas espalhada pelo corpo, tórax, no seio dela, nos braços, pescoço, assim, toda ensanguentada, toda conversando, cara, andando em pé, velho. Porra, em pé a velha estava. E o parceiro olhando para mim, olhando para ele assim e falou: Mano, você está vendo o que eu estou vendo? O cara: Estou vendo, velho. Eu queria lembrar o que era que estava comigo, se estiver assistindo, fala aí, velho, quem que era. Com certeza, Você já estiveu a falar. Talvez o Berton Cine vai lembrar de quem era o parceiro lá, que o Berton Cine, ele colou depois no apoio. Irmão, estava com HT, Copom, resgate, Samu com a certa. Mano, o Samu, o resgate já estava no local, porque quem ligou o 90, já ligou para o bombeiro também. Então o bombeiro já estava a caminho.

O bombeiro chegou, Joe, veio o sargento no bombeiro. O bombeiro chegou primeiro com o Samu, bem primeiro. O sargento vem o encarregado da viatura do bombeiro, mais dois polícios, o motorista e o ajudante, e o auxiliar lá, o enfermeiro. Mano, desceu o sargento e desceu mais polícia com a maca. Os polícias desceram, a velha estava em pé conversando. Os polícias deitaram a velha na maca, toda ensanguentada conversando. Aí ela começou a mudar a voz dela: Não, me leva, me socorre, eu estou... Mas aí já foi mais ou menos a voz dela mesmo. Não, aí já foi uma voz feminina, mais feminina, a voz já condiz com a idade dela. Me leva, me socorre, mas tudo bem? Não, estou tudo bem, está tudo bem. Conversando com a gente, Eu olhei aquele sangue na casa, eu não estava acreditando.

Pelo sangue que ela tinha perdido, ali era para estar desmaiada, cara.

Não, pelo menos, no mínimo. Ele colocou na marca, amarrou, imobilizou, subiu, chegou lá, colocou na viatura do bombeiro, aí O Samu encostou.

O Jesus está perguntando, foi na Zina?

Não, foi na Luiz Camargaranha, lá perto do Atacadão.

Xavica?

É. Xavica é os caras que me chama assim. Ah. Os caras me chamam de Xavica. Foi na Luiz Camargaranha, na rua O general do atacadão lá. O Samu encostou, veio com o médico, porque daí já veio a UTI, porque daí os caras já falou: O negócio é esfaqueado, precisa de médico, avançado. Aí os caras tirou, é de praxe, chegou o Samu a prioridade, socorreu o Samu para deixar o resgate no CRV. Exatamente. Tirou a mulher, colocou a mulher no Samu, colocou a mulher no Samu, o médico olhou assim: Tire essa mulher da minha viatura.

O quê?

Doutor, que é isso? Essa mulher está morta há mais de duas horas. Vocês mexeram na cena do crime.

Eita, porra.

Eu fiquei assim, caralho. Eu falei: Mano, a mulher acaba... O doutor, a mulher estava conversando com a gente agora, estava viva até agora. Não, essa mulher está morta há mais de duas horas. Que é isso, mano? Eu vou denunciar vocês, vocês mexeram na cena do crime, local de crime. Vocês queriam socorrer o morto para poder liberar perito, aquelas conversas que os caras têm. E começou a falar monte de abobrinha para o sargento do bombeiro. Mano, isso que me deixou puto, velho. O sargento é sargento, caralho, do bombeiro, mete uma muro na cara desse médico, dá uma cana nele, já era. Mano, eu estou falando.

Estou com as minhas testemunhas aqui, mano. A gente ainda tem fé pública ainda, caralho, porra, mano.

Aí, Joe, e o médico O que é monte de abobrinha: Não, vocês mexeram na cena do crime, a mulher está morta, vocês só correram a pessoa morta. O Berton Cini, mano, Ligeiro o Berton Cini, ele é foda, ele sempre foi ligeiro, está ligado? Ele falou: Sargento, o senhor quer que eu prenda o médico? Eu prendo ele agora para o desacato. O senhor quiser, é só falar, já sacou a algema, eu prendo ele agora. Aí o Opa, já fechou a viatura da ambulância, pau, vazou com a mulher. Opa, ali, tonto, idiota, não é, meu? O Berton Cini que deu o up lá, que rasgou na hora. Eu fiquei puto com o sargento, velho, porque mano, o sargento, o senhor é sargento, caralho. Autoridade, manda esse médico calar a boca, meu. Nós estamos aqui, nós somos testemunho, nós vimos que a mulher estava viva aqui até agora. Aí socorreu, mas o médico... O cara é médico, caralho, o cara é comédia, meu. Ele falou: Mano, essa mulher está morta há mais de duas horas, velho. Falei: Doutor, pelo amor de Deus, a mulher estava conversando com a gente aqui agora. Estava conversando agora com a gente. Não, não estava, irmão.

Vai me desculpar, mas não estava. Mano, aí você vai lá, você vê o quanto de sangue tinha naquela casa, você fala: Mano, não é possível, velho.

É bagunho sobrenatural, cara. Como é que você falou que você nunca viu? Olha, viu desses daí, cara? Viu desses daí, cara? Então... Esses daí é sobrenatural, caralho.

Bagulho louco, louco. Falei: Pelo amor de Deus, bicha. Aí fomos lá. Quem que ligou para a polícia? O marido dela que esfaqueou ela. Americano, esses americanos do Norte, sabe?

Sei, sei, sei. É tudo na faca, esses caras, velho. Importado, importado. Esses daí são realmente importados.

Eu vi vídeo hoje do mano, nossa, viu uma faca desse tamanho, pescou dozo, você viu?

Você viu a cena também do bagulho que teve lá em Moscou, lá do atentado que teve em Moscou no shopping? Você viu isso daí? Vim, viu. Os caras entram de fura. Mano, que uma hora que o cara atirou o cara de fura, o cara no chão agonizando... Foi em Moscou.

Foi na Rússia.

Foi na Rússia.