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O cara falou de ocorrência, John- Não, não, não.

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Fala da menina de hoje lá, mano. John Hollister. Vamos comentar tudo agora, é papo sério mesmo.

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Tem o papo de cadeirante aqui, olha.

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Não.

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Nossa, que cadeirante. Pede para o Gesso contar do cadeirante armado no SIC.

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Não, mas calma, vamos falar da menina.

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Depois, ele conta.

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Da mãe do padrasto lá, mano, que mataram a bebezinha, a menina, e botaram numa mala.

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Boa, mostrei para você hoje, né?

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Essa porra, a mãe Um dia atrás, dois dias atrás, falando, chorando, falando: Cadê minha filha?. E a vagabunda com o mano lá- A macunheira. Espancar a criança. Quantos anos? Quatro anos, três anos.

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Três anos.

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Três anos? E mostra ele subindo com a mala e jogando a criança. Eu não vou comentar porque não tenho dinheiro para advogado, não. O que é que vocês comentem?

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Mas isso daí é foda, porque a galera fala: Quando a gente pega qualquer situação que você exagere, que você se exceda. A galera: Ah, esse policial é despreparado. Bicho, policial militar, ele continua sendo uma pessoa comum. Nós temos problemas comuns, nós vivemos uma vida comum. Não é porque eu me tornei policial militar que eu vou ter psicológico diferente do teu, cara. O que nós passamos todo santo dia faz com que a nossa mente, ela esteja mais preparada para lidar com aquele tipo de situação. Mas não vem falar que eu não vou me abalar vendo uma situação dessa. Eu sou pai, cara. Eu lembro que eu atendi uma situação, a primeira vez, uma situação que a gente pegou, uma situação de tráfico. E aí a dona da casa, que era a dona da biqueira, ela tinha uma criança de dois anos que a criança estava jogada em canto, cara, com a fralda toda suja e a mamadeira azeda, leite coalhado. E aí, ela na cama com outros caras, porque além da traficância, ela se prostituía. Cara, eu lembro que eu perdi a mão, cara. Eu perdi, eu perdi, eu espanquei aquela mulher, respondi por isso, por Porque eu me revoltei com aquilo.

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Então a galera pensa: O policial é despreparado. Você não manda, cara. Qual o preparo que você vai ter para atender uma ocorrência dessa e não se abalar para olhar a crueldade de dois filha da puta desse e não querer arrebentar a pessoa, não querer fazer a pessoa passar pela mesma tor que ela causou nos dias de isso.

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E o pior é chamar lá e falar: Por favor, você precisa achar minha mãe. Você ficar, mano, tipo, caralho, essa mãe está sofrendo demais, mano. Aí depois, você saber que a desgraçada...

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Você vai efetuar Se você tiver uma decisão de enfermeidez, você vai falar que você vai ser extremamente profissional. Me desculpe, eu não consigo, cara. Se os outros caras conseguem, parabéns para ele, porque eu não consigo, cara. Todas as vezes que eu precisar, é tendo situações assim, cara. O meu emocional acaba sendo afetado. Eu seguro a onda para não fazer cagada, cara. Mas falar que eu não vou derrar aquela pessoa, que eu não vou xingar, que eu não vou ali, cara. Quantas vezes, ocorrência que a gente ia atender de violência doméstica, falava para ele, falei: Entre lá e resolva, cara. Porque se eu entrar, eu vou cobrir todo mundo de pau, cara. Fala para ele: Entre Se eu tiver que cobrir, cara, vou cobrir... Se eu tiver que entrar, eu vou cobrir esse cara de pau, velho. Você chegava lá, a mulher com a cara desse tamanho, o cara lá dentro cacarechando, cara. Então não tem, cara. Eu não curto, eu não tenho controle emocional muito grande, eu não tenho sangue de barata, cara. Tem cara que você precisa ficar empurrando ali, para ele pegar no tranco e... Cara, eu não, cara. Bateu na chave, eu pego na partida, cara.

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3, 2, 1, eu já estou virado no satanás, cara. Então você vai atender uma ocorrência dessa, cara. Cara, te juro, bicho, que eu Não tem como a gente não se exaltar. Não tem, cara. Você vai ver uma crueldade dessa e vai ficar ali indiferente. Nossa, isso é normal. Que normal, cara. Normal uma mãe fazer isso com o próprio filho, cara. Nunca na vida.

[00:03:42]

Cara, é foda porque quando a gente, no dia a dia nosso, faz a gente... Ocorre uma desumanização. Uma desensibilização. A gente vai cada vez ficando menos frágil a esse tipo de coisa. Mas, cara, a gente é ser humano, não tem esse negócio aí de você olhar uma mãe e padrasto que espancou uma criança de três anos até a morte-Somria a madeira de boa, de passar não como é que fala... E que o doutro tomou uma mala, jogou na rua e você ficar indiferente com uma porra dessa, cara. Isso aí é sem cabimento.

[00:04:13]

O ser humano, ele está tão banalizado, que aqui em São Paulo, você viu no WhatsApp, tem WhatsApp aí, filme no WhatsApp, vídeo lá, que os policias estão lá fazendo uma massagem cardíaca no tiozinho e o pessoal lá: pede lá de mussarela viu, está em meia mussarela e meia calabresa. Não, era polícia, era polícia mesmo, dois policias com o tiozinho lá caído no chão, fazendo na cama, fazendo uma massagem cardíaca no tiozinho, os policias se revesando para fazer massagem e a família: pede uma meia calabresa Meia mussarela, porra, irmão, banalização total, irmão, do ser humano, cara. Porra, se eu estou lá, se eu sou o pulo, imagina você lá.

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Toco todo mundo da casa, velho. Toco, mas credo. Mas credo, a base de chute, cara. Se a pessoa não tem o menor respeito, cara, não tem o porquê estar ali. O que eu falo, cara? Se você não vai ajudar, cara, sai daqui. Não tem por que ser respeitado. Sai daqui, cara. Quantas vezes a gente ia atender ocorrência assim, que você precisava fazer qualquer coisa, aí fica ali, começa com a cara e já dá uma opinião, nossa, já pegaram uma partida, cara. Fechava a porta na cara, falei: Sai daqui, cara, vou te meter a mão, cara. Eu falei: Sai daqui, inferno. Vai ajudar ou não vai ficar me atrapalhando, porra. Não, não tem, cara.

[00:05:27]

E eu vejo aqui, vocês trabalham como dupla, eu vejo que o Gérard, ele é cara mais...

[00:05:33]

Você é pão no cu do caralho.

[00:05:35]

Isso, é que a gente chama de dupla prefeita.

[00:05:38]

Não, mas assim...

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No caso, igual ele falou, que ele vai no coito: Gérard, entra lá, entra lá, porque se eu entrar... O Gerson já é cara... Você vê que é cara mais tranquilão. Mas eu falar para ele, entra lá e resolva.

[00:05:51]

Ele chegava lá e falou: O cara falou que não vai sair. Duvida que tem homem para tirar ele. Aí eu falei: Olha para mim e falava assim: Eu vou meter agora esse cara.

[00:05:57]

Duvido, cara. Ele entraba igual par na casa rodando, você acha?

[00:06:05]

A melhor dupla é essa daí, mano. A melhor dupla é essa daí, mano. Você sabe por quê? Porque não é que segura o outro, tem aquele controle.Completa, não é?Completa, exatamente.

[00:06:13]

Mas é da hora também quando vira bro, mano.